Chico Amaro

Um blog para discutir o ensino superior, a educação em geral, mas também política, cultura, futebol e o que mais aparecer.

Nome:
Local: Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil

2.10.06

Um desabafo, e a verdade


" Passei a vida toda lutando contra a Ditadura Militar e políticos da Arena: PDS; PFL; PSDB. Vivi a era FHC e vi o país ser posto à venda. Vi mais de 100 empresas públicas serem privatizadas, sem que o produto da venda tenha sido utilizado em favor do País. Fiquei 08 anos sem nenhum centavo de reajuste salarial. Vi colegas de trabalho, concursados, serem demitidos, através do malsinado RH 008.Vi todo o processo de desmonte da Caixa para a privatização. Vi dezenas e dezenas de CPIs serem abortadas a custa de muita grana. Vi o Procurador Geral da União ser chamado de Engavetador Geral da União. Vi a Polícia Federal de mãos amarradas. Vi o FMI mandando e desmandando e os Governos dizendo amém. Vi um país que gerou apenas 8 mil empregos mensais durante 08 longos anos. Vi trabalhadores escravos. Vi e vivi. Participei de dezenas de pas Vi e vivi. Participei de dezenas de passeatas. Vi o "pensamento único" do PSDB calando jornais, rádios e TVs. Vi o Banco Central "doando" milhões de dólares para os banqueiros falidos salvarem suas peles. Vi milhares de micros e pequenas empresas fechando suas portas para dar lugar aos importados pela paridade do dólar. Vi o escândalo do SIVAM.
Agora que o Brasil gera mais de 100 mil empregos mensais; que as indústrias batem recordes de produção; que o comércio bate recordes de venda; que o país bate recordes de exportações; que dispensamos a tutela do FMI; que o BB e a Petrobrás contratam milhares de novos empregados concursados; que estamos entrando em período de deflação; que 09 milhões de famílias são atendidas pelos programas sociais do Governo; que a agricultura familiar está tendo acesso ao crédito e de fato sendo valorizada; que as pequenas e micros empresas voltam a abrir portas; que a Polícia federal atua sem amarras e desbarata uma quadrilha atrás da outra, como nunca em toda a sua história; que a fiscalização da Receita Federal está fazendo as grandes empresas e bancos recolherem impostos (tanto que a Receita federal também bate recordes de arrecadação); que o Ministério do trabalho fiscaliza as empresas (o FGTS também bate recordes históricos de arrecadação) e está erradicando o trabalho escravo no campo.
Agora vem alguém me pedir para ir às ruas contra LULA e o governopopular???!!! Meu amigo: TÔ FORA!!!!! Estou pronto para ir às ruas pedir investigação de quaisquer atos de corrupção praticados por quem quer que seja. Que a Polícia Federal, O Ministério Público Federal e outras instituições sérias investiguem com total isenção, e que a Justiça puna exemplarmente todo aquele que tenhapraticado irregularidade.Fazer o jogo e servir de instrumento de pessoas como ACM, Bornhausen, FHC,Serra, Alckmin Arthur Virgílio, Álvaro Dias, Jeffersons da vida e outros, que todos sabemos bem quem são, JAMAIS! "(Dr Milton Zaminato - Prof. de Física da UNB)

25.9.06

Puxando carroça

Mais um ciclo encerrado. E esse foi bem curto - um mês apenas! Digamos que prestei uma consultoria durante esse tempo, e que o trabalho está finalizado. Mas não é bem assim...
Um dos fatos da vida que me deixa mais intrigado é quando um sujeito - ou sujeita - medíocre tem um cargo de chefia. Pois é, ter dinheiro não significa ter inteligência, bom senso, perspicácia, competência. E quando isso ocorre, o chefe ser medíocre, e se você pretende manter seu empreguinho, não resta outra alternativa senão fingir-se de morto, dissimular. Conheci alguns profissionais que são capazes disso. Mas confesso: essa competência eu não tenho!
Aí acontece o inevitável: eu, que não consigo me calar por muito tempo, em algum momento acabo expondo o problema, claro, na tentativa de resolvê-lo. Só que pessoas medíocres em cargo de chefia é um problema, pois a mediocridade, a incompetência gera insegurança. Um chefe medíocre naturalmente não lida bem com funcionários competentes, um chefe medíocre fica feliz quando está rodeado de pessoas de seu nível, ou de nível ainda mais baixo. Um chefe medíocre, por inseguro, não tolera críticas.
Hoje se fala muito em competitividade, qualidade, etc., diz-se que uma empresa não sobrevive à concorrência se não tiver esses predicados. Pois eu constato que não, que muitas empresas medíocres - porque afinal uma empesa é a cara de seu dono, ou dirigente - sobrevivem, aos trancos e barrancos, mas estão aí, fazendo bobagens, ganbiarras, dando "jeitinhos". O consumidor brasileiro ainda não aprendeu a exigir, se acomoda, não se importa.
Mas eu realmente não consigo dissimular. Já ouvi algumas vezes, alunos meus, dizerem "quem não puxa o saco puxa carroça". Pois eu digo: quem só sabe puxar carroça tem mais é que puxar o saco mesmo. Eu não. Por isso, caros amigos, estou montando minha própria empresa. Em breve darei notícias aqui. Chega de ter que responder para gente medíocre, obtusa, ignorante, incompetente. Respondo agora apenas à mim mesmo.

23.9.06

Luiz Nassif

Texto publicado pelo jornalista, em seu blog:

Mídia, governo e hipocrisia
Para os que consideram que a luta da mídia contra Lula é ideológica, remeto à coluna que escrevi em 29 de julho de 2000, sobre a campanha contra Fernando Henrique Cardoso (clique aqui).
É um conjunto de manchetes e matérias sobre o caso Eduardo Jorge. O movimento de manada é o mesmo. A intenção quase explícita é a de derrubar o presidente.
Fica claro que há uma disfunção institucional na mídia, uma gana de derrubar presidentes, herança de Watergate e da campanha do impeachment de Collor.
No dia em que se escrever a verdadeira história da cobertura do impeachment, se verá uma sucessão infindável de manipulações grosseiras, roubos de matérias de repórteres por chefes, uso indiscriminado de dossiês, mentiras das mais inverossímeis. Tudo isso, independentemente das inúmeras falhas e culpas de Collor –as maiores jogadas, aliás, não foram levantadas.
Só que a campanha consagrou jornalistas e elevou a grande imprensa à condição de maior poder nacional. Em meados dos anos 90, jornais e revistas de opinião conquistaram os maiores índices de tiragem da história.
De lá para cá, a curva se inverteu por inúmeras razões. Algumas são estruturais, ligadas à entrada das novas mídias, não apenas a Internet, como o avanço da TV a cabo e do rádio – que ganhou status de formador de opinião. Mas outras razões foram decorrência da perda de foco do jornalismo de opinião, que de tanto buscar o espetáculo abriu mão de algumas qualidades intrínsecas do produto: credibilidade, rigor na apuração. Show por show, a TV, a Internet e os jornais populares levaram.
De lá para cá, a imprensa escrita não se inovou. Sem inovações e criatividade, os únicos momentos de destaque são nas grandes catarses nacionais, em casos como o da Suzane, Wilma, Lalau. Mais ainda, quando os escândalos permitem atingir o poder e tentar recuperar a glória perdida dos tempos do impeachment de Collor.
No segundo governo, Fernando Henrique não caiu devido apenas à sua habilidade política. A reconciliação da grande imprensa com ele se deu após sua saída, mas porque ele era ex, e o alvo era o próximo.
Com esse modelo político em vigor, qualquer presidente estará exposto aos humores da imprensa ao primeiro sinal de vulnerabilidade. Pela relevante razão que o país é ingovernável se o governante não “sujar as mãos”, como colocou o ator Paulo Betti, cometendo esse crime inominável de expor a hipocrisia em público.
É certo que a lambança promovida pelo PT foi ampla, típica de quem chega pela primeira vez ao poder, bem diferente da tolerância discreta do PSDB. Mas é certo, também, que a maior parte desses operadores de Estado começou a atuar muito antes. E foram moedas de troca para assegurar a governabilidade. A grande habilidade política de FHC consistiu em entregar ministérios aos aliados, e fechar os olhos aos operadores. O grande erro de Collor e Lula foi tentar monopolizar os operadores e dar o troco aos aliados -- como, aliás, muito bem colocou o ex-deputado Roberto Jefferson.
Sem reforma política, qualquer governante estará permanentemente exposto aos humores seletivos da mídia. Ou ao exercício permanente da hipocrisia. Aliás, a hipocrisia é elemento essencial de governabilidade.

Bonitinha mas ordinária?

Vou meter minha colher na história do vídeo da Cicarelli na praia. Qualquer navegação na internet durante essa semana levava a esse assunto - convenhamos, uma sacanagem bem mais agradável que a história dos dossiês. Mas foi no blog do Moreno onde encontrei a melhor análise sobre o assunto - não coloco o link aqui porque sou um semi-analfabeto virtual e ainda não aprendi como fazer isso. Ah, se alguém quiser me explicar, agradeço. O blog do Moreno está alojado no Globo on line.

Moreno, o jornalista, ironiza a tremenda hipocrisia típica de nosso povo, esse falso moralismo que preserva tanto a aparência mas que na intimidade comete as piores imoralidades. Agora grandes empresas, que já lucraram absurdos em cima da moça - sem trocadilhos por favor - cancelaram os contratos de publicidade por causa dessa história. Vá lá, nem tenho simpatia por ela, afinal é uma garota fútil, interesseira, burrinha. E nem tem um rosto bonito. Mas que é, digamos, apreciável, não há como negar (ainda bem que minha mulher não lê meu blog). No fim, a história de amor da Cicarelli na praia causou mais constrangimentos do que a tal "Operação Tabajara", de compra de dossiês. Brasil-sil-sil!

22.9.06

Lula se humilha

Alguns posts atrás comentei a vantagem do candidato-presidente Lula nas pesquisas eleitorais em relação a seus adversários. Quem me conhece sabe que, embora já afastado faz tempo, já fui um feliz militantezinho petista. Comecei com 16 anos, deslumbrado com o primeiro voto, na remota campanha eleitoral de 1989, contra o Collor. Naquela época comecei uma das fases mais importantes da minha vida, não tanto pelo que realizei, mas pelo que aprendi. Todo meu futuro foi determinado ali, naqueles quatro anos de militância insana.
No começo o deslumbramento. Mas logo você percebe que o jogo político pode ser mais divertido que jogar War. Era o que fazíamos: o objetivo era vencer o adversário - em geral era a Convergência Socialista, com quem eventualmente nos aliávamos contra o PCdoB. É isso mesmo, nossa diversão era brigar entre nós mesmos. O resto não interessava. A lógica que predominava, que nos contagiava, era a disputa pelo aparelho. Mesmo um aparelhinho ridículo como era um grêmio estudantil, uma entidade municipal, sem grana, sem nada. Era o prazer do poder. Ah, sim, tínhamos algumas propostas. Mas eram apenas bandeiras para identificar nossas diferenças com nossos adversários: concretos e próximos, como os que citei, ou abstratos e longíquos: o imperialismo, a elite, a burguesia.
Ao final desse tempo amadurecemos e percebemos o vazio daquilo tudo. Tanto que, de nosso grupo de militantes, praticamente ninguém viveu a militância, a partir de 1993, como tínhamos vivido até então. Mas esses amigos, ah, esses ficaram, e estão até hoje. (Minha amada companheira, Cristiane, meus amigos Wagner, Dirceu, Baby, Ed Trawtman, Ricardinho, Luciana, Patrícia...).
Naquela época mesmo, ou melhor ao final dela, tivemos contato com o que há de obscuro no PT. Ganha a prefeitura, numa disputa voto a voto, em 92, começaram a aparecer figuras estranhas, das sombras, e vinham para assombrar mesmo. Movimentos suspeitos, contratos mal-explicados, e nosso afastamento de tudo aquilo. Foi bom. Tomei vergonha na cara e fui estudar faculdade.
Hoje é claro que ainda guardo uma certa ideologia daquela época, um esquerdismo açucarado, um liberal-socialismo ou coisa estranha assim. Mas aprendi a amar a democracia, o Estado de Direito, o respeito às instituições acima de tudo. E, para minha decepção, vejo o partido que outrora foi tão importante para minha formação, jogar tudo isso no lixo, em nome da disputa de aparelho. Claro que não é qualquer aparelho - é o maior que se pode conseguir! Por isso que não recomendo o voto em ninguém. Afinal o candidato da oposição, o Alckimin, já sabemos, é ruim demais. A Heloísa Helena é irresponsável - ora ela foi eleita senadora com que dinheiro? Nunca lhe ocorreu, senadora, perguntar ao "nosso Delúbio" de onde vinha tanta grana? E o Cristovam tem apenas dois defeitos: é nacionalista e lunático. Os outros candidatos nem se comenta né...
O que posso dizer? Antigos companheiros, se a justiça assim decidir, num processo legítimo, paguem pelo que cometeram. Na cadeia.

Retomando...

Mal comecei a fazer o tal blog e já abandonei, por força das circunstâncias - que espero, agora, estejam superadas. Na verdade meu sonho é encontrar um grande patrocinador e poder passar o dia - e a noite - a digitar textos uteis, imbecis, para todos os gostos. Mas esse dia está distante. Um estudante outro dia me sugeriu buscar patrocínio de alguma universidade. Mas aí eu não poderia mais falar do que me propus: abrir os olhos dos estudantes sobre como funciona o ensino superior privado no Brasil. Teria que falar então das maravilhas das escolas privadas...bem isso não é bem do meu feitio. Então não há outra opção além de continuar trabalhando. Ah, o preço da liberdade...
O vestibular se aproxima
Atenção você que se prepara para escolher uma faculdade, um curso para estudar. Não se deixe seduzir apenas por propaganda, ou por propagandas que exaltam estrutura e equipamentos mas ignoram professores, coordenador. A qualidade de um curso superior quem faz é o corpo docente. Claro que uma estrutura mínima é necessária - laboratórios, uma boa biblioteca, atendimento aos alunos. Mas quando uma instituição valoriza demais os recursos materiais e deixa oculto os recursos humanos é mal sinal.
Alguns critérios podem ajudar na hora de escolher:
- Informações com quem já estudou, de preferência já se formou ou está concluindo o curso. Perguntar para novatos não ajuda, pois em geral ainda não conhecem todas as possibilidades que o curso ou a instituição oferece. Mas quem já tem experiência pode falar com segurança do que aprendeu, e de quanto a escola ajudou em sua colocação profissional.
- Conhecer o coordenador do curso. O coordenador é quem dá a cara do curso, pois é dele a responsabilidade de contratar e gerenciar o corpo docente, orientar os professores no trabalho acadêmico e fazer a mediação do aluno com a instuição. Mas atenção, o coordenador não tem que ser legal, mas justo. Não tem que ser simpático, mas ter uma boa formação - no mínimo mestrado. O coordenador não é apresentador de programa de TV, é um profissional que exerce o papel de liderança no curso, estabelece metas de formação e garante a qualidade. Procure o coordenador do curso que você quer fazer, pergunte a ele sobre o perfil profissional que pretende formar, a composição e formação do corpo docente, o projeto pedagógico do curso, critérios de avaliação, tamanho das turmas, etc.
Claro que existem outros critérios, principalmente o desempenho do curso nas avaliações do Mec, como o Enade por exemplo. Mas isso é outro assunto.

4.9.06

A força do estudante

Num passado recente a oferta de curso superior era restrita, então as poucas universidades particulares que haviam faziam do coitado do estudante de gato e sapato. Ao longo da década de 90 tivemos no Brasil uma verdadeira explosão de instituições de ensino superior, com ofertas para todos os gostos e bolsos. Contudo, alguns dirigentes de ensino superior não acompanharam a mudança, e continuam achando que podem fazer o que quiserem com os alunos. Mas isso é um grave erro.
Acontece que a realidade agora é outra. Nada apavora mais um dono de faculdade do que perder aluno$. É claro que esses donos não podem demonstrar isso, pois significaria ficar refém dos estudantes. Infelizmente os estudantes, como a história do boi, não sabem a força que tem para exigir melhores condições de ensino. Quando se organizam em DCE, DA ou CA, acabam sofrendo influências de disputas políticas e o movimento fica à reboque dos interesses das tendências que disputam as estruturas estudantis. Reivindicam no máximo diminuição nas mensalidades, isso quando os dirigentes das entidades estudantis não fazem acordos obscuros com os donos de escolas em troca de exclusividade de ação. Por isso mesmo o Movimento Estudantil vive em crise, não consegue expressar os reais interesses estudantis.
O direito à organização estudantil é sagrado, assegurado em lei. Que tal as lideranças discutirem a qualidade do curso, reivindicando melhorias junto aos coordenadores e diretores de faculdades? Mesmo em movimentos informais, mas bem organizados, os estudantes podem conseguir muita coisa, basta ter clareza de objetivos e os pés no chão. A principal luta deve ser pela qualidade, pois é isso que vai definir o futuro profissional dos estudantes.

Pedagogia da Picaretagem

Muito se fala da (má) qualidade da educação no Brasil hoje, e não sem razão. Vamos iniciar um debate aqui para analisar as causas desse estado de coisas e o que pode ser feito para mudar, se é que é possível.
Gostaria de começar tratando da formação dos professores nos cursos de Pedagogia. Sem dúvida a exigência de formação de nível superior para professores da educação básica, conforme preconiza a LDB, representa um enorme avanço. Mas será que os cursos de graduação de Pedagogia ou Normal Superior têm preparado de maneira satisfatória os futuros professores? Temo que não. O que se vê, em muitos casos, é formadores seguindo a linha do que chamo de “pedagogia da picaretagem”: uma falta de compromisso com a verdadeira formação substituída pelo esvaziamento, pela futilidade, dinâmicas de todo tipo, transformando a formação de nível superior em um eterno recreio... Professores que gastam o tempo da aula com filminhos, brincadeiras com bixiguinhas, cantigas, discussões as mais variadas sobre a qualidade dos produtos da Natura ou com as estripulias da vilã da novela. Qualquer novela.
Claro que qualquer generalização é sempre injusta, mas minha experiência como docente de cursos superiores de Pedagogia, com algumas exceções, não anima. O que podemos esperar de alunos formados assim? Que professores serão esses? Dá para imaginar a falta de compromisso com a formação das futuras gerações.
Essa postura, de esvaziamento da formação, da futilidade e picaretagem, é na verdade muito estimulada por alguns “intelectuais” que se põem a tagarelar sobre a educação hoje. Basta ver, no Estado de São Paulo, o desastre que foi a gestão do Sr. Gabriel Chalita, sem dúvida um grande representante dessa picaretagem. Para não ser injusto, há que se louvar os vários cursos de formação continuada oferecidos pela secretaria de educação no período, embora alguns deles tenham sido bastante suspeitos. Mas a pauta é essa: uma ênfase nas relações humanas – sem dúvida importantes – mas nenhum compromisso com conteúdos.
Para ilustrar gostaria de citar uma obra muito apreciada pelo ex (graças!) secretário de educação, o livro da Profa. Teresinha Rios Compreender e Ensinar: por uma docência de melhor qualidade. O livro é a publicação da tese de doutorado da professora, defendida na Faculdade de Educação da USP. A professora, baseando-se em seus anos de formação como filósofa e pedagoga, chega à incrível conclusão de que o ensino competente é um ensino de boa qualidade. Brilhante. Depois, gasta alguma tinta discutindo se o termo qualidade deve ser empregado no singular ou no plural. Da mesma forma, ela debate com afinco se devemos nos referir à competência ou competências, sem dúvida uma discussão da maior relevância. Conclui finalmente que a competência é singular, mas possui várias dimensões. Não sei como não pensaram nisso antes!
Mas o melhor (ou pior) ainda está por vir: as tais dimensões da competência de que fala a ilustre filósofa. Segundo ela são quatro as dimensões da competência com as quais se garante a educação de qualidade, quais sejam:
A dimensão técnica: referindo-se ao domínio do instrumental a ser mobilizado no trabalho docente, ou seja, os recursos da didática;
A dimensão estética: o trabalho do professor deve ser também bonito, atendendo a sensibilidade do aluno – professores feios, cuidado, tratem de se cuidar hein;
A dimensão política e ética: referindo-se às relações humanas e a participação ativa do cidadão na sociedade.
Sim, essas são as dimensões da competência segundo a filósofa. Não, não esqueci de nada. Sim, é incrível, mas o professor competente não precisa dominar conteúdos... É sério, basta ler o livro e constatar que o professor de português não precisa conhecer gramática ou literatura; não se faz questão que o matemático disserte sobre álgebra ou geometria; o historiador não precisa conhecer datas (obrigado pela dica Michelle e Janaína)... Finalmente a professora Teresinha Rios termina o livro com algumas platitudes em torno de um tal conceito de felicidadania, seja lá o que isso possa significar em uma tese de doutorado.
Sim, é incrível que alguém possa ter defendido um doutorado na eminente Usp a partir de idéias tão fúteis e sem utilidade. Sim, é inacreditável que essa tal obra seja referência em concursos públicos de professores no estado de São Paulo, embora compreensível dada a amizade entre o dândi Gabriel Chalita e a simpática Teresinha Rios. Mas o mais incrível, o inacreditável é que em vários municípios e em outros estados da nação a obra citada seja também requerida em concursos públicos. Choremos.
São obras como essa, incensadas por “intelectuais” da educação, que legitimam a pedagogia da picaretagem. Não é apenas uma prática de docentes despreparados e mal formados que se prestam a também mal-formar os futuros professores da educação básica; é uma referência, uma “linha teórica” que se concretiza nas salas de aula. Não dá para ter grandes expectativas para a educação com referências como essa.
O que fazer? Ora, exigir. O estudante de graduação que se prepara para ser professor não pode aceitar posturas desse tipo, enganadoras, descompromissadas, não apenas porque isso vai prejudicá-lo no momento de prestar um concurso público ou tentar a carreira acadêmica, mas por um motivo ainda mais legítimo: o professor mal-formado será um professor de má qualidade, parafraseando a professora Rios. Estudante, não aceite a embromação. Exija da instituição em que você está se formando professores preparados para ministrar o curso que você faz. Se não houver jeito, procure outra faculdade – oferta é o que não falta hoje. Mas não se acomode, não se deixe seduzir pela lei do menor esforço, acima de tudo não esqueça da enorme responsabilidade que você terá ao entrar na sala de aula.

29.8.06

Lula humilha

Saiu pesquisa hoje incrementando ainda mais a já enorme vantagem de Lula sobre Geraldo para a eleição presidencial. Vale a discussão se isso é graças às qualidades do governo Lula - nada desprezíveis - ou a fraqueza dos demais concorrentes - idem...
Mas o que me provoca dúvidas é o comportamento do Geraldo, o barco afundando, aliados abandonando, e ele permanece impassível. Muito diferente da postura do candidato quando disputou com Serra a indicação do partido para a disputa presidencial. Será que, naquela ocasião, a firmeza da postura do Geraldo era dele mesmo, ou havia alguma influência mais sólida por trás...Especulemos...

Começando...

Amigos, abro esse espaço para debates, encontros, até desabafos. Uma boa maneira de compartilhar experiências, ajudar a esclarecer dúvidas, denunciar o que não é correto. Aqui o tema é livre; embora a ênfase seja sobre a educação superior, também cultura, política, futebol, e o que mais aparecer. Só não vale xingamentos gratuitos - os "pagos" estão liberados.