Alguns posts atrás comentei a vantagem do candidato-presidente Lula nas pesquisas eleitorais em relação a seus adversários. Quem me conhece sabe que, embora já afastado faz tempo, já fui um feliz militantezinho petista. Comecei com 16 anos, deslumbrado com o primeiro voto, na remota campanha eleitoral de 1989, contra o Collor. Naquela época comecei uma das fases mais importantes da minha vida, não tanto pelo que realizei, mas pelo que aprendi. Todo meu futuro foi determinado ali, naqueles quatro anos de militância insana.
No começo o deslumbramento. Mas logo você percebe que o jogo político pode ser mais divertido que jogar War. Era o que fazíamos: o objetivo era vencer o adversário - em geral era a Convergência Socialista, com quem eventualmente nos aliávamos contra o PCdoB. É isso mesmo, nossa diversão era brigar entre nós mesmos. O resto não interessava. A lógica que predominava, que nos contagiava, era a disputa pelo aparelho. Mesmo um aparelhinho ridículo como era um grêmio estudantil, uma entidade municipal, sem grana, sem nada. Era o prazer do poder. Ah, sim, tínhamos algumas propostas. Mas eram apenas bandeiras para identificar nossas diferenças com nossos adversários: concretos e próximos, como os que citei, ou abstratos e longíquos: o imperialismo, a elite, a burguesia.
Ao final desse tempo amadurecemos e percebemos o vazio daquilo tudo. Tanto que, de nosso grupo de militantes, praticamente ninguém viveu a militância, a partir de 1993, como tínhamos vivido até então. Mas esses amigos, ah, esses ficaram, e estão até hoje. (Minha amada companheira, Cristiane, meus amigos Wagner, Dirceu, Baby, Ed Trawtman, Ricardinho, Luciana, Patrícia...).
Naquela época mesmo, ou melhor ao final dela, tivemos contato com o que há de obscuro no PT. Ganha a prefeitura, numa disputa voto a voto, em 92, começaram a aparecer figuras estranhas, das sombras, e vinham para assombrar mesmo. Movimentos suspeitos, contratos mal-explicados, e nosso afastamento de tudo aquilo. Foi bom. Tomei vergonha na cara e fui estudar faculdade.
Hoje é claro que ainda guardo uma certa ideologia daquela época, um esquerdismo açucarado, um liberal-socialismo ou coisa estranha assim. Mas aprendi a amar a democracia, o Estado de Direito, o respeito às instituições acima de tudo. E, para minha decepção, vejo o partido que outrora foi tão importante para minha formação, jogar tudo isso no lixo, em nome da disputa de aparelho. Claro que não é qualquer aparelho - é o maior que se pode conseguir! Por isso que não recomendo o voto em ninguém. Afinal o candidato da oposição, o Alckimin, já sabemos, é ruim demais. A Heloísa Helena é irresponsável - ora ela foi eleita senadora com que dinheiro? Nunca lhe ocorreu, senadora, perguntar ao "nosso Delúbio" de onde vinha tanta grana? E o Cristovam tem apenas dois defeitos: é nacionalista e lunático. Os outros candidatos nem se comenta né...
O que posso dizer? Antigos companheiros, se a justiça assim decidir, num processo legítimo, paguem pelo que cometeram. Na cadeia.